quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Tudo que eu odeio

De repente, passei a odiar coisas que antes amava tão profundamente que chegavam a sufocar a alma. 
Sabe aquelas pessoas que andam com os pés virados para o lado de fora? Odeio todas. 
Odeio os cachorros e como eles podem ser absurdamente fofos. 
Odeio comer doces e a possibilidade de alguém me dizer que eu deveria comer menos. 
Odeio hambúrguer, odeio lanternas que se afogam. 
Odeio andar de pés descalços e odeio amar Jorge que um dia foi amado. 
Odeio tatear e ver que minhas mãos não possuem mais esse sentido. 
Odeio a ciclano e o fulano. 
Odeio a melhor banda, a melhor música e todos os seus derivados. 
Odeio one, two and three. 
Odeio que alguém tente me salvar, eu me salvo sozinha. 
Odeio mandolate e paçoca tanto quanto odeio aquela Bud. 
Odeio vinho e o amargo que ele deixa na boca. 
Odeio passear de tarde, odeio sorvete, odeio aquela calçada grande.
Odeio que montem sanduíches para mim e ainda ter que pagar por isso.
Odeio, e como odeio, strofonoff com arroz parboilizado.
Odeio o plano e a falta dele.
Odeio o céu que fez florir o chão e junto com ele a certeza que já não tenho.
Odeio tanto e que tristeza me dá!
Por fim, odeio esse buraco que surgiu (meu Deus, de onde veio?) aqui no peito, aqui bem dentro, onde ficava aquilo que nem o nome lembro mais.

Ah. E eu odeio cada mísera nota de 20 pila.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Me manter.


Outro dia, em meio a reflexões noturnas, me peguei pensando no que eu quero para minha vida.
Quero ter um bom emprego, me casar, ter minha família, ter amigos, viajar muito, ter 10 cachorros, pular de paraquedas, andar de moto, andar de bicicleta, andar por aí, sorrir pelo menos uma vez por dia, rir pelo menos uma vez por dia, ver um ET, ter um macaco, fazer a maior bola de chiclé que eu conseguir ...
Mas, por que eu quero tudo isso?
E a única resposta que me vem à mente é: para ser feliz.

Penso na vida e tudo que faço é para ser feliz.
Quero estudar para ter um bom emprego para ser feliz.
Quero me casar, ter minha família para ser feliz.
Quero ter um macaco para ser feliz.

E é exatamente esse "para ser feliz" que muitas vezes nos impede de ser.
Vivemos pensando tanto em sermos felizes que esquecemos de nos perguntar se hoje, neste exato momento, talvez já não estejamos felizes.

Parei tudo, me perguntei.
E, de fato, eu já sou muito feliz. Nesse exato momento, nem antes, nem depois, mas agora.
Sim, agora, enquanto ainda sou estudante, enquanto ainda não pulei de paraquedas, enquanto ainda não tenho um macaco e nem sequer sei andar de moto.
Neste exato momento, eu sou feliz.

Tudo que vem depois, todos os meus planos, são apenas uma forma de tentar manter toda essa paz e felicidade que estou vivendo agora.
Não faço mais nada para ser feliz.
Faço tudo para me manter feliz.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

2/4

Meu amor.
Como é difícil verbalizar meu amor por ti.
Não encontro palavras que descrevam exatamente o que eu sinto... Elas me parecem tão vagas diante da quantidade de coisas boas que me passam pela cabeça quando penso em ti.
Nesses 2/4 meses, minha vida deu um salto incrível.
E tu estavas nela.
Tu tens estado ao meu lado em todos os momentos, tens sido meu melhor amigo, meu apoio, meu parceiro, meu amor.
E como é bom poder te chamar de meu amor...
Como é bom acordar de manhã sabendo que o que eu sinto é recíproco.
Como é bom poder te amar e dividir meus dias e minha vida contigo.
Nunca imaginei que alguém pudesse me fazer tão feliz como tu me fazes.
Nunca pensei que eu poderia querer tanto a felicidade de alguém como eu quero a tua.
Diante de todos os obstáculos (distância e etc.) que a vida nos coloca, eu só consigo ter mais certeza que, no final das contas, o que eu quero é o teu abraço, o teu beijo, o teu sorriso.
Não importa quantas montanhas preciso escalar, eu sei que vale a pena cada suor derramado nessa nossa constante luta de amar.
Eu sei que, por mais que a vida me ofereça tantos outros caminhos, no final de tudo é pelo teu amor que eu espero.

Minha vida se divide entre antes e depois de te conhecer.
Nunca duvide de que a melhor parte dela veio depois disso.

Eu te quero por mais 2, 3, 4, INCONTÁVEIS meses.
Quero estar contigo sempre, enquanto tu... goste.

Eu te amo muito, mais do que imaginei poder amar.
Eu te quero muito.
Todos os dias, perto ou longe, só te quero em minha vida.

Me espera porque quinta estarei aí pra te fazer feliz e ser feliz contigo.

Eu te amo.
Te dua (albanês dhsuiadhsia)
Ich lieb Dich (alemão)
Ngo oiy ney a (chinÊs)
Sarang Heyo (coreano)
I love you
Te quiero
Mi amas vin (espartano =])
Je t'aime (francês ^^)
Te amo (latim *_*)
Ti amo (italianoo, nene)
Ya tebya liubliu (russo)
Wo ai ni (mandarim s2)

E em todas as línguas do mundo porque passe o tempo que passar, estejamos onde estivermos, meu amor por ti não muda.

domingo, 7 de julho de 2013

Carta para o meu velho pai.

(na foto, eu, feliz, com chiclé na boca)

Oi, pai!
Faz tempo que não conversamos, por isso resolvi escrever.
Sei que suas vistas já estão cansadas demais para ler algo muito extenso. Creio também que seu corpo esteja tão fraco que mal consiga pegar essa carta na mão.
Mas, pai, eu não posso deixar de falar com o senhor! Eu não posso e não quero.
Eu sei também que o senhor nunca responde minhas cartas porque não gosta de escrever, e eu gostaria de lhe dizer para não se preocupar com isso. Eu escrevo para o senhor porque o amo muito e quero deixar isso claro, nada mais. É lógico que eu ficaria muito feliz em receber alguma carta sua, mas jamais vou exigir nada com relação a isso, pois eu acredito que existem pessoas que gostam de escrever, outras que gostam de falar, outras que gostam de cantar e outras que simplesmente gostam de ler, apenas ler.
Eu acho que não tenho muitas novidades, a não ser que estou feliz.
Pois é, estranho eu falar isso né?
Aliás, estou tendo uma insônia danada, mas não por causa do medo e da dor que antes me dominavam por completo. Fique tranquilo que não é isso!
Na verdade, meu velho, eu simplesmente estou feliz demais para deitar a cabeça no travesseiro e esquecer por algumas horas o quanto a vida tem sido generosa comigo. 
Eu sei que não adianta tentar te enganar: os problemas continuam. Talvez estejam maiores que antes.
Mas, sabe, mesmo assim eu estou feliz, pai.
Eu só queria que o senhor soubesse disso e ficasse tranquilo, pois sei o quanto se preocupa com nós quatro.
Eu estou feliz e o sorriso tem sido uma constante em meu rosto. Espero que as rugas em meus olhos continuem aumentando gradativamente devido aos risos que dou durante o dia.
Se eu bem te conheço, você deve estar se perguntando qual o motivo de tanta felicidade, certo?
Ah, pai, são tantas coisas... Algumas são mais simples, como fazer o pessoal aqui de casa rir. Outras são  maiores, até maiores que eu, literalmente. E dessas outras, uma delas eu ainda nem consigo explicar direito. Não sei dizer ao certo o que é ou o que será. Eu só sei dizer como me sinto com esse tal motivo: feliz. Demais.
Prometo que te escrevo sobre tudo isso assim que der.
Como eu disse, já deve estar cansado demais para ler meus textos extensos e intermináveis.

Quando der, aparece aqui em casa. Sei lá, é que estou com saudade, sabe?

Bom, acho que é isso!

Um abraço apertado com a maior saudade que já existiu.

Da sua filha que te ama e sente tua falta mais que tudo.

Gabriele Schillo



terça-feira, 11 de junho de 2013

Diálogo com as estrelas


Se eu pudesse ter tido tempo suficiente pra te dizer o quanto sentiria tua falta, talvez tivesse te convencido a ficar, não é? Talvez eu não tenha insistido o suficiente, não tenha te oferecido o suficiente.

Quem sabe a gente podia ter começado do zero, replanejado os nossos planos porque, talvez, um final de semana de pescaria não fosse o suficiente para você, mas na hora me parecia uma ideia tão boa passar todas aquelas contigo contando casos e rindo e sorrindo sem parar... Era uma ideia boa e foi a única coisa que eu consegui te propor naquela hora: Pai, assim que tu sair daqui, a gente vai pescar, tá?!

Lembrando isso, hoje me sinto ridícula. Podia ter te falado tantas outras coisas tão melhores que essa. Podia ter te dito que por ti faria um bis gigante para você comer e uma meia de lã que eu sei tu ama. Eu poderia aprender a jogar futebol que nem profissional só pra tu não se sentir frustrado por não ter tido um filho homem. Ou eu podia te oferecer um carro novo, umas férias longas, uma casa na praia... Mas, caramba, eu só queria ir pescar! E por que, por que isso não foi o suficiente pra ti? Que motivo mais tu precisava para permanecer comigo, pai?

A gente tinha uma vida legal, meu velho, a gente tinha...
A gente tinha tantos sonhos e eu continuo com meu sonho tosco de ver meus filhos brincando contigo assim como tu brincava comigo. Mas o que eu fiz de tão errado assim, meu velho, pra tu me deixar e partir sem mais nem menos como se fosse a coisa mais certa a fazer com aqueles que te amam?!

Em que parte eu falhei que esperar pelo teu abraço de bom dia se tornou um utopia que me detona a alma dia após dia?
Eu podia ter te convencido a ficar, eu deveria ter te convencido a ficar. Mas meu discurso não foi bom, pai, eu sei que não foi. 
Ele nunca é. 
E é por isso que eu me cobro tanto, pai, ah, meu Deus, como eu me cobro!

Mas, se tu quiser voltar, meu velho, pode voltar! Não se acanhe!
Eu deixo as linhas prontas, as cadeiras postas, as iscas feitas e, quem sabe então, eu te convença de que pescar comigo mais uma vez não seja uma ideia tão ruim assim.


(um diálogo com todos os erros de português que ele merece)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Desabafo.



De repente é tarde demais pra tudo.
Pra qualquer sorriso ou troca de palavras.
Pra qualquer abraço cheio de saudade, pra qualquer tentativa de dizer que não era pra ser assim.
É tarde pra deixar as horas se perderem em longas conversas, é tarde pra deixar a esperança reacender.
É tão tarde que nem sei até que ponto vale a pena escrever sobre aquilo que foi, sobre o que poderia ter sido e sobre o que é.
É tarde pra se arrepender de qualquer coisa ou pra se reaprender a esperar.
É tarde pra dizer que o emaranhado de confusão, que a tormenta da maré já tinha passado. Aliás, passou há tão pouco tempo que mal deu tempo de dizer tudo que queria que a garganta dissesse ou que os olhos confidenciassem. 
É tarde demais pra ficar lembrando e rindo sozinha daquelas coisas que apertam o peito de saudade.
É tarde no meu tempo, nas minhas marcas, nas minhas lembranças.
O problema é que eu nunca pensei que o tarde se tornaria tão rápido tarde demais.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Por favor, preservem a inocência.


"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer."


   Partindo dessa famosa frase de autoria do tão respeitado Albert Einstein, começo a escrever sobre um assunto que me intriga, me revolta, me dá náuseas e me deixa com sede de justiça.
     Venho aqui falar sobre abuso sexual de crianças e adolescentes.
   Para que todos possam compreender, eu trabalho com teatro e entre os meus trabalhos está um monólogo que trata sobre esse assunto. Esse monólogo, dirigido e escrito por Fabiano Tadeu Grazioli, tem como objetivo principal sensibilizar e informar a respeito desse assunto tão difícil de ser tratado. Digo isso, pois foi a afirmação que mais escutei por parte de psicólogas e assistentes sociais foi essa: esse é, de longe, um dos assuntos mais delicados e que merece um cuidado especial na hora de ser discutido.
    Bom, mas não quero falar sobre meu trabalho em si. Eu quero falar sobre o que aprendi e o que mudou dentro de mim ao trabalhar diretamente com crianças e adolescentes que sofreram abuso. Achei, no início, que eu estaria ajudando aquelas pessoas. Hoje, no entanto, compreendo que foram elas que me ajudaram.
    Certa vez, escrevendo sobre meu monólogo, disse a seguinte frase: "Ouvi histórias que jamais queria ter ouvido, vi olhares que jamais queria ter visto." De fato, as histórias que ouvi acredito que jamais deveriam ter acontecido. Contudo, elas aconteceram, continuam a acontecer e, sabe Deus o quanto me dói admitir isso, elas vão continuar acontecendo. 
      Em resumo, o que ouvi e o que vi foi o seguinte: meninos e meninas abusadas por homens e mulheres. Meninos e meninas abusadas por desconhecidos. Meninos e meninas abusadas por conhecidos de seus pais. Meninos e meninas abusados por vizinhos. Meninos e meninas abusados por adolescentes. Meninos e meninas abusados por parentes. Meninos e meninas abusados por avós. Meninos e meninas abusados por irmãos e irmãs. Meninos e meninas abusados pelos próprios pais...
      Quanto ao tempo: meninos e meninas abusados uma vez. Meninos e meninas abusados várias vezes. Meninos e meninas abusados durante parte da infância. Meninos e meninas abusados durante toda a infância. Meninos e meninas que foram abusados durante a infância e continuaram sofrendo abuso durante a adolescência...
     Meninos e meninas brancos, negros, pardos, índios... Meninos e meninas miseráveis, pobres, de classe média, de classe alta, de qualquer classe.
       Ouvi histórias de meninos e meninas abusados 'apenas' com toque. Soube de meninos e meninas que foram estuprados. Meninos e meninas que foram violentados até a morte.
       Mas, afinal, que direito tem um ser humano de roubar a inocência de uma criança? Que direito tem esse ser humano de roubar o brilho nos olhos de alguém que tantos sonhos tem, tanta vida tem? Que direito tem alguém de ver na ingenuidade uma forma fácil de satisfazer seus próprios prazeres? Que direito tem, meu Deus, que direito? Isso é perverso demais, é desumano demais.
        Como se não pudesse piorar, ainda tomo consciência de que casos assim acontecem diariamente, em todos os lugares.
          Eu sei que a maioria dos agressores sofreu abuso durante a infância. Sei que é algo que precisa ser tratado tanto com as vítimas quanto com os agressores. Mas isso não diminui minha repulsa e meu nojo daqueles que fazem isso.
          Até uns anos atrás, isso era um assunto que não podia ser tratado dentro das escolas. Aliás, pasmem! Ainda existem escolas que não permitem que esse assunto seja abordado com seus alunos. Eu vi muitas assistentes sociais 'brigando' para que as escolas abrissem um espaço para que nós fôssemos até lá e tentássemos de alguma forma ajudar aquelas crianças. Mas, como sempre, ainda tem gente que pensa que 'aqui não acontece esse tipo de coisa'.
       Diferentemente dessas pessoas, eu tenho convicção de uma coisa: jamais vou fechar os olhos para essa realidade. Pra mim, quem não denuncia, quem fica quieto é quase tão culpado quanto quem faz. Eu tenho nojo e repulsa de qualquer um que faça ou seja cúmplice de casos assim. Não vou mudar minha opinião a respeito disso.
       Eu queria escrever mais, mas vou deixar para um próximo texto. Esse é um assunto que não tem limite de discussão e que deve ser discutido sempre.
       E, por favor, se souber de algo, se suspeitar de alguém, DENUNCIE! 
            (Disque 100 ou vá ao CREA ou CRAS da sua cidade)
       

Gabriele Dors Schillo